Canto jogando por baixo durante o Pan 2007 / Foto: Divulgação/CBJ.
Flávio Canto e a GRACIEMAG #144
Rápido como seus botes no esporte de Jigoro Kano, o medalhista olímpico Flávio Canto é um dos personagens da edição especial da GRACIEMAG #144 sobre a guarda.
Numa entrevista especial para o GRACIEMAG.com, o faixa-preta expõe sua visão e diz: “A revolução na parte de guarda seria ainda maior se no Jiu-Jitsu houvesse mais intercâmbio entre atletas de diferentes academias”
Qual a contribuição do Jiu-Jitsu brasileiro para a guarda, que nasceu no Japão, e para o jogo que você faz hoje?
Desde cedo, com Geraldo Bernardes, Paulo Caruso e Leopoldo DeLucca, professores que passaram pela minha história, e que circulavam ao mesmo tempo pelo meio do judô e do Jiu-Jitsu, eu aprendi a evitar a dar as costas como fazem a maioria dos judocas. Tanto para defender como para atacar, não há lógica em virar de quatro, dando as costas para o oponente. Você deve procurar estar sempre de frente. Só que, com as regras do judô, cujo objetivo é não cair de costas, a maioria opta por cair de frente e ficar ali, se fechando todo enquanto espera o juiz parar. As regras do wrestling, nesse aspecto, também são opostas a um chão dinâmico, de puxar o adversário para a guarda, como o Jiu-Jitsu prega.
Há exceções, claro, mas dar as costas e se fechar, especialmente numa luta de MMA, é um ‘reflexo burro’, afinal ninguém tem olho na nuca. Esse vício de cair virando de quatro, de costas para o oponente, para mim é um ponto muito negativo da escola do judô. Por isso só ensino o aluno a não dar as costas para o oponente, e sim recolocar o cara na guarda, e buscar rapidamente atacá-lo.
Você hoje tem um professor de Jiu-Jitsu, o guardeiro Alexandre Pulga, dando aula na sua ONG da Rocinha. Que contribuições para o desenvolvimento da luta o judô e Jiu-Jitsu poderiam dar, juntando forças?
As duas artes são muito iguais, só mudam as regras. Se no judô você precisa do chão, e no Jiu-Jitsu você precisa da base em pé, por que não treinarmos juntos? O Jiu-Jitsu criou uma bola de neve de posições e situações que ainda está longe de chegar ao fim. Na minha visão, a revolução na parte de guarda seria ainda maior se no Jiu-Jitsu houvesse a mentalidade do intercâmbio entre atletas de diferentes academias. Acho que veríamos coisas ainda mais fantásticas do que vemos hoje.
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