terça-feira, 19 de abril de 2011

Emil Zatopek - um dos maiores mitos do desporto





"Emil, irão dizer os seus detractores, não ganhou apenas a maratona: ele apenas se entregou a uma das suas boas velhas sessões de treino. Este homem que se contorce, imagem da dor, transformou num passeio a prova do drama, do supremo sofrimento. Ele brincou com isso: o esgotamento do soldado que se abate na linha do dever cumprido, o suor e as lágrimas, a maca e os enfermeiros, a angústia e os acessórios, tudo isso para ele são bagatelas. Os detratores erraram . Emil acaba de passar por um martírio, tal como os outros, mas não deixa ver nada, é discreto mesmo que o seu sorriso ao atravessar a linha de chegada seja o sorriso de um ressuscitado. Uma vez atravessada essa linha, nem mais nem menos ofegante do que aquilo que foi preciso, sem um olhar para os maqueiros, declara que não, que não está muito cansado, só uma pequena dor de cabeça mas vai passar."

Tirado do romance "CORRER", pág. 71, de Jean Echenoz (A vida e a carreira de Emil Zatopek, um dos maoires mitos do desporto), editado pela Cavalo de Ferro.

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